sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Centenário de Elvira Paim - 3ª Parte

Resgatando o Passado Serrano

Por José Carlos S. da Fonseca

Centenário de Elvira Paim
(3ª parte)

Continuo trazendo a você o resumo do livro: “Elvira – Esboço da vida virtuosa duma jovem gaúcha”, escrito por volta de 1940. Elvira Baptista Paim era conhecida pela clarividência das coisas divinas. A matéria Religião era a sua preferida, pois estava convencida que Deus abençoaria quem se ocupasse do que é divino. Era presidente do Apostolado da Oração e sempre que podia, à noite, visitava Jesus Sacramentado no Colégio Santa Catarina de Novo Hamburgo onde era interna. Com muita dedicação rezava na quaresma da via-sacra e era ela quem frequentemente era escolhida para recitar em voz alta. Numa carta de Elvira, enviada aos seus pais, datada de 27 de julho de 1930, esta descreve: “- Terminou hoje o nosso esperado e mui desejado retiro espiritual. Diariamente tenho-me lembrado de vós, caríssimos pais, e dos sacrifícios que fizestes pondo-me neste querido Colégio. Supliquei com instâncias ao Divino Jesus que abençoasse toda a nossa família, dando-nos fortuna necessária na vida, mas principalmente a mais rica glória no céu. Oh! Que lá não falte nenhum de nós! Parece-me que no caso contrário o céu não seria seu para mim”.

Elvira tomava a vida espiritual a sério, com o único objetivo de purificar sua alma e: “-Dar alegria a Jesus”, como dizia comumente. A piedosa donzela era também devota filha de Nossa Senhora e em sua honra rezava o terço diariamente, não o abandonando nem na última doença estando com mais de 40 graus de febre. A São Luiz, padroeiro da juventude, dedicava uma veneração toda particular: “- Ah! Glorioso São Luiz”, escreve na carta que trata da sua vida espiritual, “não posso cantar em sua honra sem derramar lágrimas de consolo e gratidão! Quantas graças recebi em seu mês!... Todos os empreendimentos nobres datam do mês de Junho. A primeira e maior graça foi a de ficar filha de Maria no dia 21-6-27. Em 26 do mesmo mês comecei a rezar o terço diariamente: em Junho de 1936 recomecei o exame particular e em 1937 recebi uma graça pela qual sou imensamente grata: a de compreender a caridade e pô-la em prática”.  Elvira também era devota de Santa Terezinha, mas na carta continua a enaltecer sua devoção a São Luiz: “- Desde que conheci a Jesus, só Ele existia em mim, o único entre os santos que me atraiu, porque amavas e não querias desgostar. Àquele a quem eu dedicara todo o meu coração. Infundiste em minha alma o receio de ofender a Jesus de leve e de procurar fugir da menor falta voluntária para O contentar”.

Numa carta, escrita dois anos antes de sua morte, ocorrida em 5 de novembro de 1937, e enviada a uma de suas amiguinhas, demonstra seu afeto e reconhecimento como aluna e colega exemplar: “-Talvez nunca mais goze tempo de vida descuidada e feliz! Agora só me restam as recordações tão doces, tão saudosas... e quanto mais pálidas, mais apagadas e cada vez mais longínquas, mais dolorosas são. Sempre afaguei silenciosamente a doce esperança de retornar ao caro Colégio, mas, se não aumentar de peso, não poderei tão cedo pensar em estudos. E assim procuro em espírito reviver aquele passado venturoso em que me entregava de corpo e alma às educadoras, abandonando-me à sua sábia direção. Nada previa então deste mundo cheio de mentiras e ilusões. Nada dos trabalhos e tribulações que também a mim esperariam mais tarde! Oh! Quantas vezes desejo encontrar aquelas que durante tantos anos me souberam guiar, para vazar em seus corações sinceros e generosos, algo do que me acabrunha e colher de seus lábios uma palavra de consolo e ânimo! Mas, as mais das vezes, nem isto me é dado. Minha força na hora de desalento é lembrar os conselhos que aí recebi e – segui-los firmemente. E tu amiguinha que tens a dita de receberes diariamente a Jesus, ora por mim”.    




Numa das fotos as cincos irmãs: Maximilia, Noemia, Hortência, Cândida e Elvira, e na outra foto Elvira, a direita, com sua irmã Cândida, futura esposa de Almiro da Rosa Teixeira. Acervo da família.  
Jornal Integração nº 95, edição de 3 de fevereiro de 2012


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