sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Centenário de Elvira Paim - 2ª Parte

Resgatando o Passado Serrano

Por José Carlos S. da Fonseca

Centenário de Elvira Paim
(2ª parte)

Em 1930, então com 18 anos, Elvira começou a sentir uma fraqueza corporal e o rostinho angelical começou a ficar pálido. Suas educadoras, percebendo esta repentina mudança, começaram a ter mais cuidados, não exigindo tanto esforço escolar da parte de Elvira, mas esta não titubeou e continuou com afinco seus estudos para o exame de admissão ao Curso Complementar. Não era somente o diploma de aluna-mestra que ela almejava, mas queria permanecer por muitos anos no Colégio Santa Catarina que tanto amava. Conseguiu cursar os dois primeiros anos complementares com muita dedicação. Transcrevo uma frase retirada do livro “Elvira – Esboço da vida virtuosa duma jovem gaúcha”, o qual estou resumindo nesta coluna para você: “A força de vontade desta aluna de compleição extremamente delicada causava admiração a todos que tiveram ocasião de observá-la. No terceiro ano, porém, tanto progrediu o estado de fraqueza que as professoras se opuseram a que acompanhasse todas as matérias. Nossa Elvira não se abala. – Tanto melhor, exclama radiante, assim terei a dita de voltar mais um ano ao Colégio”.

Os médicos naquela época não tinham tantas opções e conhecimentos como hoje em dia possuem, mas fizeram o possível para tentar descobrir o que afligia Elvira, não conseguindo decifrar, pelos sintomas que a jovem demonstrava, qual doença possuía. Com tudo isso, Elvira foi exposta a vários tratamentos dolorosos e prolongados, sendo submetida a várias injeções que lhe causavam muita dor; porém, nunca se queixou. A enfermeira do colégio, uma Irmã, tinha muita pena quando aplicava as injeções em Elvira, mas esta sempre estendia o seu bracinho frágil e sorria angelicalmente para a Irmã que lhe atendia no internato. Numa carta, que seria a sua última, enviada a uma Irmã, Elvira diz o seguinte: “Quando operei a garganta, quanto mais agudas se tornaram as dores, mais força sentia para sofrer ... E Jesus está bem pertinho dos que sofrem e não os abandona nunca quando sabem sofrer. Sem compreender o que sei hoje, estava convencida que foi a Santa Comunhão que me deu coragem”. Esta doença na garganta foi mais um grande provação que Elvira sofreu, pois amava cantar e teve que desistir de tão linda vocação. Todos adoravam ouvir esta beldade cantar, afinadíssima, um timbre doce e agradável, e por muitos anos não apareceu uma cantora como ela no Colégio Santa Catarina. Entoava sublimemente os hinos a Jesus Sacramentado e Maria Santíssima: “-Gosto muito de música, disse um dia à professora de canto, porque me eleva. Não canto por vaidade, mas procuro cantar o melhor possível para Nosso Senhor e a edificação dos fiéis”. Ainda comentou: “Nunca pensei que este sacrifício havia de custar tanto! Nosso Senhor tira-me tudo que é bom”, declarou com o coração sofrido, mas amorosamente sujeito à santíssima Vontade de Deus, sua norma suprema.

A autora deste livro, no qual não é mencionado seu nome (quem souber o nome desta autora me informe, por favor!), pergunta: “Que se passaria entre esta alma pura e seu Jesus naqueles momentos?” Elvira responde na carta já referida: “- Que de gozo não sente agora minha alma, crente e sincera ao pensar na doce intimidade que se travou entre minha alminha e Jesus, o divino amigo dos pequeninos! Tinha grande vontade de ser virtuosa, assim como São Luiz Gonzaga que não queria desgostar a Nosso Senhor. Mas eu nada compreendia de virtude. Procurava apenas fazer tudo o que Jesus mandava no livrinho: “Nós dois – Eu e meu Jesus”; pois estava plenamente convencida que Ele mesmo que falava comigo quando vinham as letras vermelhas. Quando descobri que este devocionário e a “Imitação”, meus prediletos, foram escritos por autores que se serviram das palavras de Jesus, já se foi bem tarde. Querida Irmã, como sua filhinha era ignorante e bem convencida de que seu grande Amigo estava bem contente comigo ... Era bem assim que O imaginava: grande e bondoso ... e eu sua amiguinha sincera e confiante”.

Na foto podemos ver Elvira saudando o Dr. Getúlio Vargas em nome do Colégio Santa Catarina na Exposição Industrial de Novo Hamburgo em 1929. Acervo da família.

Jornal Integração nº 94, edição de 27 de janeiro de 2012


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