sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Crendices sobre Casamento

Resgatando o Passado Serrano!

Por José Carlos S. da Fonseca

Nossos antepassados tinham muitas superstições relacionadas a vários assuntos. Já coloquei aqui no mês passado as crendices e ditos gauchescos sobre o tempo, e como, no dia 14 de fevereiro, foi comemorado o dia de São Valentim que é festejado como dia dos namorados (Valentine’s day) na América do Norte e em muitos países, enquanto que no Brasil é celebrado em junho, trarei a vocês alguns ditos populares que as antigas senhorinhas exaltavam nas suas conversas domésticas e sociais, enquanto os homens da casa tratavam de assuntos mais relevantes como as revoluções gaúchas e o negócio da família. E quem foi São Valentim?

Crendices ligadas ao Casamento
Moça solteira não deve sentar-se em degrau de escada (de abrir) sob pena de ficar solteira para sempre. Moça solteira que passar por baixo de escada aberta ou encostada à parede nunca se casará. Pessoa que encontrar duas colherinhas em seu café casar-se-á duas vezes. Encontrar trevo de quatro folhas é sinal de casamento próximo. Moça que servir de madrinha de casamento só se casará se for madrinha sete vezes seguidas. Moça ou moço que, juntos batizarem uma criança, não se poderão casar, se o fizerem, serão infelizes. Chuva na hora do casamento indica que os noivos “comeram na panela”, mas é indício de casamento feliz. Noivos que ficam com a roupa que se casaram durante toda a noite da festa, serão infelizes. Moça que, mesmo brincando, se veste de freira, nunca se casará. Para saber se vai se casar ou não, a moça, na noite de São João, derrama chumbo derretido num copo d’água: se aparecer formadas flores de laranjeiras, o casamento é certo. (Almanaque do Correio do Povo de 1967).

São Valentim
O dia de São Valentim é celebrado em 14 de fevereiro desde o tempo do império Romano. De início, era dia de Juno, a rainha dos Deuses e Deusas, também conhecida como a Deusa das mulheres e do casamento. O dia seguinte era o dia da Lupercalia. Nesse tempo, as vidas dos rapazes e raparigas eram vividas completamente separadas, mas havia o costume do sorteio nas vésperas do festival da Lupercalia: a regra era colocar os nomes escritos em bilhetinhos das raparigas de Roma num pote. No dia 15 de fevereiro cada rapaz tirava à sorte um nome de uma rapariga para ser seu par durante o tempo do festival, que muitas vezes durava um ano, transformando este sorteio muitas vezes em amor verdadeiro, resultando em casamento.
Nesse tempo, sobre o domínio do Imperador Claudius II, Roma estava sempre envolvida em guerras sangrentas e cruéis e o imperador tinha dificuldade de encontrar soldados voluntários para a sua legião. Acreditava que a razão era porque os homens não queriam deixar suas amadas e suas famílias, e por isso o imperador lançou um decreto de cancelar os casamentos marcados e os apalavrados em Roma.
São Valentim (Valentinus em latim), nesse tempo, era um Frade cristão. Ele e Marius, secretamente, casavam os casais enamorados. Foi por isso que São Valentim foi preso e arrastado até a prefeitura de Roma, e após alguns dias de calabouço foi condenado a ser morto a pauladas e sua cabeça decepada. São Valentim foi martirizado no dia 14 de fevereiro, aproximadamente no ano 270 da era cristã. Uma das moças que ele casou era filha do capitão da guarda e secretamente o ia visitar. No dia que o levaram para ser morto, Valentim deixou uma nota à moça dizendo-lhe: “muito obrigado pelas visitas” e assinou: “o teu amor Valentim”. Conforme a religião católica foi crescendo os Papas tornaram os festivais de Lupercalia no dia do santo mártir dos namorados.


Jornal Integração nº 46, edição de 18 de fevereiro de 2011